Há palavras que só aparecem quando abrimos espaço.
Estive a pensar nisto enquanto lavava os dentes ontem.
É quase sempre assim: os pensamentos mais verdadeiros não esperam que eu esteja pronta — interrompem-me a meio de um gesto automático, como se dissessem “agora ou nunca”.
Tenho sentido que muita gente anda a rebentar pelas costuras.
Pela falta de tempo, pela ausência de pausa, pela overdose de estímulo.
E também — vamos ser honestas — porque há histórias dentro de nós que já estão a pedir para sair há tempo demais.
Histórias que não precisam de likes, nem de validação.
Precisam de chão. De folhas em branco.
De uma mesa bem posta, de uma caminhada em silêncio, de um mergulho fora de horas.
Foi por isso que criei este retiro.
Não é uma formação para escrever melhor.
É um fim de semana para escrever com mais verdade.
Para sacudir o corpo de manhã, ouvir as palavras a ganhar fôlego e deixá-las sair como vierem: tortas, cruas, brilhantes, íntimas, revoltadas, libertadoras.
Há espaço para tudo, menos para máscaras.
Durante três dias, vamos parar o mundo e entrar noutra cadência.
Vamos viver com vagar. Vamos acender fogueiras, ouvir textos à noite e comer como se fosse a última ceia — mas sempre com sobremesa.
Vamos fazer perguntas e talvez não encontrar respostas.
Ou, quem sabe, encontrarmo-nos a meio de um parágrafo.
Este retiro é para quem já escreve.
E para quem escreve muito na cabeça, mas ainda não se atreveu a pôr cá fora.
É para quem anda cansada de dar conta do recado e sente falta de dar conta de si.
É para quem precisa de um empurrão — ou de um abraço que vem em forma de papel e caneta.
De 18 a 20 de Julho, numa casa com piscina perto de Abrantes, com uma vista que sossega e uma cozinheira que nos alimenta por dentro e por fora, vamos escrever muito.
Sem pressas, sem pressões, sem receitas.
A palavra é a rainha.
O corpo é o território.
E o texto, esse, é só o caminho de volta a casa.
Se sentiste um calor no peito a ler isto, talvez este retiro seja para ti.
Se quiseres vir, responde a este e-mail. Ainda há lugar à mesa.
Com a emoção de quem acredita mesmo na escrita como casa,
Isabel Saldanha
Inscrições: isabel@isabelsaldanha.com
8 VAGAS